Saúde e Espiritualidade Holística Raizes da Violência II, Explicações da Psicanálise

Raizes da Violência II, Explicações da Psicanálise

1
Dante Alighieri, detail from a Luca Signorelli...Ontem, publiquei a primeira parte do artigo Raízes da Violência, com a introdução sobre fatores que levam a violência. Este trabalho foi publicado com autorização do autor, Médico Psiquiatra Geraldo Rosito.

Hoje, vamos publicar as considerações piscoanalíticas sobre o assunto:

O que Freud descreveu foi uma experiência inédita. A Psicanálise é uma prática de falar e escutar. Trata dos problemas enfrentados pelas pessoas no dia-a-dia.

Uma das questões centrais é: O que faz a vida valer a pena?

Em uma das atividades que participei esse ano, fui questionado: O avanço dos psicofármacos não acabou com a psicanálise? Respondo que NÃO.

Estamos tão dispostos agora, como estávamos antes de reconhecer as falhas de nosso conhecimento, a aprender coisas e modificar nossos métodos de forma a poder aperfeiçoá-los”.

Freud sempre afirmou que poetas escritores antecederam a Psicanálise

Dante Alighieri, literato dos anos 1300, reflete em sua obra a moral da época. Situa os violentos e os pecadores con malizia no Sétimo Círculo, um dos mais profundos do Inferno, não no mais baixo que é o Nono, de Caim e Judas, dos traidores assassinos.

Na Antiguidade, tanto a moral romana como a legislação (Lei Scantinia, ano 149 a.C.) era complacente com certas violências originadas pelo abuso de poder de um ser humano sobre outro.

Assim, escreve Sêneca, o Velho: “a impudícia é uma infâmia para o homem livre, mas para o escravo se constitui no mais absoluto dever para com seu amo”.

Não existe mãe-cuidadora perfeita, mas é essencial que seja suficientemente boa.

Quando a função materna é adequada, ocorre a sensibilidade e a continência, das quais vão se originar o gesto espontâneo, a criatividade e as tendências amorosas.

Outra função essencial é saber frustrar adequadamente:

Frustrações escassas não desenvolvem a noção de limites e, quando exageradas, injustas e/ou incoerentes, provocam o predomínio do ódio e da violência sobre os sentimentos amorosos.

Os filhos nos olham pelas costas, ou seja, mais importante do que palavras é a atitude.

Modelos de identificação, por exemplo, amorosos encontrarão eco na criança que os reproduzirá. Pela via oposta, agressivos e violentos terão ressonância na estrutura da personalidade em formação.

Antiga Dialética: O Bem e o Mal

Uma leitura superficial da Teoria Freudiana dos Instintos o colocaria em oposição a Rousseau, para quem todo ser humano nasce bom, sendo corrompido pela sociedade.

Essa oposição dialética apenas encontraria uma síntese valiosa através do trabalho das gerações seguintes de psicanalistas.

Com efeito, Donald Winnicott genialmente concebe uma ponte entre a idealização das pulsões e o idilismo rousseauniano, estendendo um braço a Freud e, com outro, enlaçando Rousseau.

Este autor, não polemizando ser e meio ambiente, concebe-os em interação. Assim é que, didaticamente, nos esclarece que as raízes dos sentimentos amorosos, bem como dos impulsos hostis não estão presentes no nascimento.

Sua concepção enfatiza as necessidades do bebê cuja satisfação adequada, pela “mãe suficientemente boa” geraria tendências amorosas/construtivas e, ao revés, a não-satisfação constitui a base dos impulsos hostis/destrutivos.

Aprofundar estas questões não cabe aqui nos limites dessa contribuição. Basta deixar claro a idéia de uma visão integradora, humanista e interdisciplinar como instrumento útil quando abordamos sentimentos, desejos e fantasias em nosso trabalho analítico.

Nos dias atuais em que as relações tendem a impessoalidade e ao individualismo, são essas as ponderações que entendo adequadas a este espaço.

Longe de tê-las como soluções definitivas, mas que, de uma forma ou de outra, promovam a reflexão e o questionamento.

A mente é como um paraquedas, só funciona aberto!

Postar um comentário

1Comentários

Obrigado por comentar!! Volte Sempre!!

Postar um comentário